A obesidade é um importante fator de risco para vários tipos de câncer. E já que estamos no Outubro Rosa, campanha dedicada à prevenção e combate ao câncer de mama, vale explicar e lembrar que o excesso de peso é também um fator de risco para essa doença.
Estima-se que as mulheres obesas têm 20% mais risco de desenvolver câncer de mama após a menopausa em comparação com mulheres com peso saudável.
Inclusive, não é só no caso do câncer de mama; o excesso de peso aumenta as chances para o câncer em vários órgãos, como de intestino grosso, câncer de endométrio, dos rins e de esôfago.
Por que a obesidade aumenta o risco de câncer de mama?
São diversos os fatores. Por exemplo:
O tecido adiposo produz hormônios e mediadores químicos que, em excesso, aumentam o risco de câncer de mama.
A obesidade também cria uma espécie de estado inflamatório geral e crônico no organismo, que tende a provocar o aparecimento da resistência à insulina e, consequentemente, a proliferação e progressão de células malignas. Moléculas pró-inflamatórias produzidas no tecido gorduroso (inclusive nas mamas), são um terreno fértil para a multiplicação celular desordenada. Por isso, também o risco de câncer de mama aumenta em mulheres na pós-menopausa com obesidade ou diabetes, condições associadas à resistência à insulina.
Outros processos que sugerem a relação entre obesidade e câncer nas mamas são o aumento da secreção de substâncias pró-inflamatórias, o aumento de vasos sanguíneos – que fornecem oxigênio e nutrientes aos tumores – e a mudança na microbiota intestinal. Esses também são fatores inflamatórios que podem favorecer a proliferação de células cancerígenas e que ocorrem quando há um excesso de peso crônico.
Além disso, o tecido adiposo em excesso também produz grandes quantidades do hormônio estrógeno, ao qual o tecido mamário é sensível e que por isso pode causar a multiplicação celular desordenada nas mamas, causando o câncer.
Resistência à eficácia do tratamento
Além de estar associada a um aumento nas chances de desenvolvimento de câncer de mama, a obesidade também dificulta o tratamento. Um grande índice de massa corporal faz com que o tratamento com quimioterápicos à base de uma substância chamada Taxano seja menos eficaz, o que diminui as expectativas de bom prognóstico e sobrevida. Isso acontece porque o tecido adiposo (a gordura) em excesso no corpo absorve parte do quimioterápico antes que ele atinja o tumor.
O risco de metástases, que é quando o câncer avança para outros órgãos, também é maior em pacientes com obesidade. Mulheres com IMC maior que 30 apresentaram mortalidade por câncer de mama, em média, 46% mais elevada. A mortalidade geral dessas pacientes também é mais alta.
Para evitar não só o câncer de mama, mas também a forma mais agressiva dessa doença e o desenvolvimento de várias outras doenças crônicas e graves, deve-se fazer um tratamento adequado e regular para o excesso de peso, principalmente no caso de mulheres após a menopausa.