Além de alterações no peso e no humor, os distúrbios tireoidianos também tendem a causar problemas intestinais. Na verdade, a relação entre tireoide e intestino é muito mais próxima do que se imagina.
O hormônio T3, produzido pela tireoide, entre outras funções, é responsável por estimular a contração da musculatura do intestino, e dessa forma empurrar o bolo fecal.
Quando a pessoa tem hipertireoidismo, que é um excesso na função da tireoide e na produção de seus hormônios, pode ocorrer o aumento da motilidade intestinal, que causa diarreia e má absorção de nutrientes, quando o aumento é muito intenso.
Por outro lado, se a tireoide não está produzindo uma quantidade suficiente de hormônio, como ocorre no hipotireoidismo, há então um comprometimento da função intestinal que causa a redução da motilidade intestinal, resultando em constipação, prisão de ventre, sensação de “peso” após as refeições e uma permanência prolongada do alimento no intestino, levando a um desequilíbrio da sua microbiota intestinal. E motilidade intestinal anormal e reduzida está relacionada a um supercrescimento de bactérias no intestino delgado. Essa condição é conhecida como SIBO. Estima-se que a SIBO está presente em mais da metade das pessoas com hipotireoidismo.
A SIBO também causa uma piora desses sintomas intestinais, sendo que a constipação é um dos principais sintomas relatados por pacientes com hipotireoidismo.
Uma via de mão dupla
Não só os problemas na tireoide podem causar alterações intestinais como alterações na microbiota intestinal podem causar doenças autoimunes que atacam a tireoide, como a tireoidite de Hashimoto. Portanto, alterações no intestino e na tireoide são como uma via de mão dupla.
A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune caracterizada pela reação de células do sistema imunológico que passam a interferir sobre a função da glândula tireoide. Com o passar do tempo, a glândula sofre uma destruição completa por essa reação.
Como mais de 80% da composição do nosso sistema imunológico se encontra no intestino, alterações na microbiota intestinal podem comprometer o sistema imunológico e “abrir portas” para o desenvolvimento de doenças autoimunes como a tireoidite de Hashimoto.
Isso ocorre porque quando a função intestinal está comprometida, há aumento da permeabilidade intestinal, o que permite que antígenos passem para a corrente sanguínea com mais facilidade, ativando o sistema imune e possivelmente gerando autoimunidade contra a tireoide.
Além disso, um intestino pouco saudável também absorve menos nutrientes necessários para a manutenção e funcionamento da tireoide, como iodo, ferro e cobre, que são fundamentais para a síntese do hormônio tireoidiano.
O que fazer
Pessoas com sintomas intestinais crônicos sem outra causa aparente devem checar as funções da tireoide através de exames indicados por um especialista na glândula. Com o tratamento para hipo ou hipertireoidismo, é possível ter uma melhora de todos os sintomas de problemas na tireoide, inclusive dos sintomas intestinais. Além disso, cuidar da microbiota intestinal, através de uma boa alimentação, e ingestão de alimentos que contribuem com a função intestinal, também é uma importante recomendação a ser seguida a fim de se proteger a microbiota intestinal, o sistema imunológico, a tireoide e a saúde.
Se sofre com alterações crônicas no intestino ou percebe outro sintoma relacionado à disfunção tireoidiana, não se esqueça de consultar um especialista.
